terça-feira, 10 de novembro de 2009

Chega de Pré Conceito!!!

Este texto foi um email que enviei a Aliança Espírita Evangélica, sobre a aula de nº 6, do curso básico de Espiritismo, ao qual estou inscrita e estudo semanalmente. A aula consiste basicamente em comparar a Umbanda ao Espiritismo!

"Londrina, 10 de Novembro de 2009.

Boa Noite,

Meu nome é Liliane, tenho 28 anos, moro em Londrina – PR e freqüento o Centro Espírita Aprendizes do Evangelho.
Faço o estudo a distância, pois minha profissão exige muito tempo do meu dia a dia e geralmente não tenho horário fixo e dias livres para ir ao curso pessoalmente.
Estou no meio espírita desde meus 9 anos de idade, minha Mãe foi para um centro ligado à Aliança quando ainda morávamos em São Paulo capital. Posso dizer que sou médium desde que me conheço por gente, pois sempre vi, ouvi e conversei com nossos irmãos desencarnados. Mamãe até chegou a me mandar para o psicólogo porque ainda não conhecia o espiritismo.
Desenvolvi minha mediunidade, afim de trabalhar com ela e auxiliar ao próximo quando tinha 19 anos, em um Terreiro de Umbanda, na cidade de Jundiaí – SP. Entre meus 9 e 19 anos eu freqüentei desde sempre mais de um centro espírita, fiz parte da mocidade, estudei tudo que podia e não podia. Mas sempre meu coração me conduziu para a Umbanda. O porque? Simples, minha missão de vida é na Umbanda, é onde me sinto completa e feliz ajudando a quem precise, fazendo minha caridade, o bem sem olhar a quem! No terreiro de Jundiaí, chamado Tenda Espírita de Umbanda Cosme e Damião, eu fui muito bem recebida e tenho o maior carinho por todos daquela casa, encarnados e desencarnados até hoje. Lá é minha “âncora”, foi onde eu encontrei uma forma de fazer do meu “dom” de ser médium, uma ferramenta que me conduz à evolução de espírito. Nesta casa, nunca fizemos sacrifícios de animais, nunca cobramos dinheiro nenhum de ninguém, pelo contrário, dependíamos de doação. Só sai deste terreiro porque meu tempo por lá já havia acabado, por logo em seguida a vida me desprendeu de tudo que eu tinha em Jundiaí e eu mudei para Londrina. Chegando nesta cidade, que tanto amo, encontrei um outro terreiro para dar continuidade à minha missão como médium, ou cavalo, como é carinhosamente chamado pelos freqüentadores da religião; chamado União Umbandista Pai João de Aruanda. Uma casa muito grande e respeitada. Lá freqüentei por mais de 4 anos. Também é um lugar onde não se faz sacrifícios de animais e vivem da doação e colaboração mensal dos trabalhadores da casa, que são mais de 100. Os “Pais” da casa, são pessoas bem simples e sem nenhum luxo, como era do outro terreiro de Jundiaí e de tantos outros que conheço. Saí desta casa desde janeiro deste ano, pois também lá acabou minha missão. Continuo em contato com eles, tenho o maior carinho, respeito e admiração. Aliás, nos muros desta casa, que foi apelidada de Cantinho de Pai João de Aruanda, está pintado os seguintes dizeres: “Dai de graça o que de graça recebeste”.
Tenho uma equipe desencarnada que está sempre comigo, eles me conduzem pelo caminho certo, me orientam quando encontro com alguém que precisa de um ombro amigo, de conselhos e amparo. Desta equipe tenho uma Preta-Velha que é a coisa mais linda do mundo, que amo incondicionalmente. Ela não é minha mentora espiritual, pois meu mentor é meu bisavô Eugênio Natale, mas está comigo sempre com palavras carinhosas e puxões de orelha, quando estes se fazem necessários. Ela chama-se Vovó Serafina, é uma senhora negra, de pele bem escura, olhos pequenos, porém expressivos, pele enrugada, sem dentes, sempre trajando vestidinhos floridos, ou brancos, com aventais variados. É ela que me socorre quando aparece um desencarnado desesperado por ajuda, ou um espírito zombeteiro durante o sono. Nós vivemos juntas em várias encarnações, inclusive, ela conta que na nossa última encarnação juntas, ela era uma escrava governanta, que foi minha mucama e eu sua sinhazinha.
Contei toda essa história para justificar, enfim, o motivo pelo qual envio este email. A Vovó Serafina está me preparando para alguma missão, da qual não tenho conhecimento ainda, já faz alguns anos. Foi ela quem me orientou a procurar um centro espírita e estudar sobre o espiritismo. Como ela sempre me orientou a conversar com evangélicos, católicos, budistas, etc. Para saber de todas as religiões o que elas pregam, de onde vieram, e nunca discriminar, ou julga, alguém por sua crença.
Hoje estudamos, eu e minha Mãe, a Aula de nº 6 do curso a distância e ficamos extremamente chateadas com o que o capítulo do livro “Entendendo o Espiritismo” dizia. Porque em nenhum momento foi falado qualquer coisa boa da Umbanda. Simplesmente houve uma comparação de uma religião a outra, coisa que é incabível, pois tratam-se de religiões e propósitos distintos. Como o Candomblé, que não foi incluso no capítulo, e é também uma religião espiritualista e mediunista.
Sempre ouvi dos irmãos espíritas que a Umbanda era uma religião primitiva, sem conhecimento, e sempre lutei contra esta informação e a favor da harmonia e da quebra de pré conceitos. Tenho amigos de todas as religiões e eles passaram a respeitar a Umbanda, principalmente quebrando a crença de que a nós só fazemos o mal, somos materialistas, matamos animais, poluímos cachoeiras, etc. Eles ficam admiradíssimos quando eu digo que Oxalá é Jesus Cristo, o Orixá ao qual seguimos e amamos acima de todas as coisas.
Ao contrário do que estava escrito no capítulo a Umbanda é a ÚNICA religião brasileira, ela tem uma história, como o espiritismo, veio de mais de um lugar ao mesmo tempo. O senhor Zélio de Moraes foi o 1º que falou a respeito da religião, isso à 100 anos atrás. Paralelamente, os escravos não podiam cultuar seus Orixás africanos e fizeram um sincretismo com os santos da igreja católica, porque aí seus senhores não os mandariam para o tronco, ou os chamariam de hereges.
Eu sei que tem no Brasil, muitos umbandistas, ou candomblecistas, ou espiritualistas, que usam a mediunidade para fazer o mal, para “ajudar” as pessoas desesperadas a ganhar coisas materiais, amores impossíveis, etc. Esses são os chamados macumbeiros, não fazem parte da Umbanda, muito menos do Candomblé ou do Espiritismo.
Não acho justo esta generalização com a Umbanda, como está escrito na aula nº 6. E as pessoas que não conhecem a Umbanda? Ou o Candomblé? O que dá direito aos autores dos textos expostos neste capítulo a se compararem com a Umbanda? O que é diferente não tem comparação, senão não seria DIFERENTE!
Por fim, quero escrever aqui a resposta à questão individual desta aula:
- Comente a importância desse estudo para a sua vida.
“Depois do capítulo de hoje, sinceramente eu não sei! Sou umbandista desde pequena, fui para centros espíritas por muito tempo também, na verdade, sempre consegui conciliar os dois, não juntos, ou vou em um, ou vou em outro.
O que eu sei e vejo é que a Umbanda evoluiu muito, hoje não mais são feitos sacrifícios com animais, por exemplo. O que me entristece é ver que o Espiritismo não evoluiu da mesma forma, a ponto de compreender que a Umbanda, o Candomblé e o Espiritismo são todas espiritualistas, ou mediúnicas, porém como estudos recentes comprovam, cada qual tem a sua função, missão e energia.
Se hoje estou estudando o espiritismo através desde centro kardeccista, porque não? É porque fui orientada por um guia de muita luz e humildade que pediu que eu estudasse, para aprender mais. Como ela sempre me orientou a fazer, estudar sobre tudo para poder ajudar aos necessitados da melhor maneira possível.
Mas nunca, em momento algum ela disse para eu estudar porque o espiritismo sabe mais, ou menos que a Umbanda, mas porque é importante e necessário saber sobre todas as religiões, para um respeito mútuo.
E só para finalizar, o espiritismo não pode afirmar que é livre de rituais, porque não seria hipocrisia se ao chegar na casa espírita, todas às 2ª ou 4ª, no mesmo horário, tomar o mesmo passe de limpeza, ouvir uma palestra, que muda a cada semana, mas é uma palestra com hora para começar e acabar, depois toma o mesmo passe, ouve as mesmas palavras e vai embora. Não é um ritual?
Segundo o dicionário Aurélio:
ritual
ri.tu.al
adj m+f (lat rituale) 1 Pertencente ou relativo aos ritos. 2 Que contém os ritos. sm 1 Livro que contém os ritos, ou a forma das cerimônias de uma religião. 2 Cerimonial. 3 Conjunto das regras a observar; etiqueta, praxe, protocolo.”

Por favor, evoluam! Que a Aliança Espírita seja a 1ª a quebrar esse pré-conceito. Precisamos nos unir, cada qual com a sua missão e com o seu ritual!

Liliane Natal Pedroso"

2 comentários:

  1. Oi Lili,

    desceu o sabugo heim...escorregões a parte,o texto ficou muito bom.abraços

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  2. É irmazinha, ainda temos muito a aprender.
    Um dia acredito que poderemos todos andar lado a lado sem desigualdaes, preconceitos, andar fraternalmente como irmãos. sei o quanto ainda nos fragilizamos com o meio e a maneira de como fazem a leitura do que para eles não é comum como algo " não bom", mas acredito na união fraterna e amorosa de todas as religiões e filosofias em torno da proposta de Cristo, quando este momento chegar poderemos desfrutar das bençãos da igualdade e fraternidade.
    Ainda somos neófitos temos muito a aprender .
    Um beijo no coração

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